M. CESTARI
VideoPoemas a la carte
Playlist - VídeoPoemas
Eis que o projeto culmina em um VídeoPoema. O “pixo” anônimo ganha voz – não uma – mas mil. O grito do Muro, enfim, pode ser além de lido escutado.
Este primeiro poema é meu. Outros serão escritos e recitados por colegas da lida literária, que também buscam o seu lugar nas prateleiras, estantes, livrarias.
Se foi uma das vozes, ou todas te representam, deixe o seu comentário!
SÓ HOJE TE QUIZ MIL VEZES⠀ ⠀ Só hoje te quis mil vezes⠀ E ei de querer muito mais⠀ Passo e destino⠀ não se volta atrás⠀ ⠀ Nem ontem⠀ Nem amanhã⠀ ⠀ Hoje?⠀ ⠀ Só hoje te quis mil vezes
M. Cestari
VideoPoema criado para o Festival FRESTA 2023 – Jornada Literária – CiA. ApocAlípticA – São José do Rio Preto
FRESTA pelo vão vejo a vida pela vida vivo em vão ora o primeiro da fila ora a contramão se um lado não nos pertence se um lado – de nós – se esquece se até na fé não há prece esgueira-te até fenda espreme aperta salta liberta passado é memória incerta presente é o mais recente futuro é a persiana o dedo um flerte a fresta esgueira-te até fenda nunca se renda atira acerta somos feitos de muita curva pra viver uma linha reta
Desapego criativo. Plantar a fagulha em outros lugares e vê-la brotar.
E assim foi. Enviei os demais Vídeos sem texto e sem voz. Enviei o conto. E a inspiração tomou corpo, verso e sentimento.
Este VídeoPoema foi escrito e recitado pela querida poetisa e escritora Elisa Ribeiro participante do grupo @AsContistasEscritoras
Finalizei vendo uma sinapse se diluir em memórias vagas e desconexas, tal qual o conto o é.
Traautmman⠀ ⠀ Fluida ⠀ como alga⠀ a memória⠀ se esvai, escorrega⠀ pelas bordas⠀ ⠀ Em letras geométricas⠀ curvas arestas⠀ a congelo num aceno⠀ : ⠀ no muro-ponte-pedra⠀ a registro num desenho⠀ ⠀ [a palavra-charada⠀ nos conecta]⠀ ⠀ Tatuo nos teus olhos⠀ a lembrança⠀ escorro em água no teu rosto⠀ num abraço cúbico⠀ te encerro
Elisa Ribeiro
Eis que a vida afronta e escancara a nossa frágil condição humana. Somos mortais. O tempo passa nos ponteiros dos segundos, brancos, terra. E do nada tudo ficou para trás. “Qual é o nome da sua saudade?”. O penúltimo videopoema inspirado nos contos do meu livro “Só hoje te quiz mil vezes” tem uma especialidade.
É uma homenagem. Uma forma de afago, uma forma de abraçar uma saudade que – SIM – tem nome.
O verso é meu, as vozes são @AsContistasEscritoras
e se vier uma lágrima
que seja enxurrada
tristeza se esvai
de alma lavada
Qual é o nome da sua Saudade?
Chamei! Chamei!
Abanei as mãos Chacoalhei os braços Chamei Gritei!
Gritei.
Nome próprio foi. Amor bruto enlutei. Lutei!
Consecutivamente. Dia após dia. Afrontei.
Qual é o nome da sua Saudade?
Se você chama, ela vem?
M. Cestari
Encerrando este primeiro projeto com – @AsContistasEscritoras – Verso e Voz da querida
“Rasga Ossos“, nome do seu livro, Sabrina Dalbelo.
Que o Vento carregue nossa parceria mundo afora, mas que traga em breve
um novo ciclo criativo com vocês, pois este Finda, e já quero mais.
se o vento bater nós vamos tá junto pra sempre ⠀ ⠀ diz a lenda, amor⠀ duas árvores, as mais antigas do mundo⠀ repousavam no leito onde antes havia um rio⠀ sob a benção das estrelas⠀ ⠀ os galhos se trançavam sensuais⠀ num abraço desequilibrado⠀ e das raízes nasceu, no profundo⠀ a primeira forma de amor ⠀ ⠀ e aí veio o vento, amor⠀ [Ah, o vento!]⠀ foi carregando folhas, flores, ramas⠀ com o passar impiedoso do tempo⠀ até que das árvores ⠀ uma só poeira, amor⠀ em redemoinho ⠀ virou pra sempre
Sabrina Dalbelo
Mais uma parceria incrível com @AsContistasEscritoras.
Dessa vez em Verso e Voz da querida parceira, professora e amiga Sandra Godinho – madrinha deste projeto.
Conforme ela soprou na orelha do livro;
Muros “que nos cercam, protegem, mas muitas vezes podem tão simplesmente libertar.”
Em Tempo, LIBERTE-MO-NOS
ESSE MURO É MEU⠀ ⠀ Esse muro que eu vejo⠀ Com olhos tão meus⠀ Com olhos tão próprios⠀ Com ódios transcritos⠀ Em palavras que nunca se encontram,⠀ Em almas que nunca se acham⠀ Perdidas em funduras vãs⠀ ⠀ Esse muro que eu cheiro⠀ Com os odores impróprios⠀ das lembranças que resgatam um passado⠀ sem resgatar a vida,⠀ a efemeridade de um tempo⠀ que ainda venero,⠀ que ainda tempero com algum elã⠀ ⠀ Esse muro que eu sinto⠀ Com minhas mãos de fendas,⠀ Com meu coração de fissuras,⠀ Com brutas ânsias⠀ e sentida amargura,⠀ que no meu corpo empedrado⠀ já se tornou clã
Sandra Godinho
Mais uma parceria incrível com @AsContistasEscritoras .
Dessa vez em Verso e Voz da querida amiga Fernanda Caleffi Barbetta.
Apropriemo-nos da arte do mundo como um carimbo se apropria do selo.
Pois esse Mundo é Meu!
Meu Memo!
Meu Memo ⠀ Voltei lá⠀ feito menino que guarda lembranças⠀ feito homem que sente saudades.⠀ ⠀ (não era o mesmo lá)⠀ ⠀ Subiram uma cortina de pedra.⠀ Descortinou-se em mim toda ⠀ tristeza⠀ represada.⠀ ⠀ Do alto do muro cinzento⠀ vi⠀ (tudo refeito⠀ tudo desfeito)⠀ ⠀ Pensei que fosse meu aquele rio.⠀ Cadê o rio?⠀ Pensei que fosse minha aquela mata.⠀ Cadê a mata?⠀ ⠀ Era tão puro aquele ar ⠀ tão minhas as pedrinhas⠀ a casa⠀ o lampião⠀ as flores⠀ o chão.
Fernanda Caleffi
Desta vez Verso e Voz por conta deste grande amigo
que esta cidade me presenteou – Marshal Jr.
SININHO ⠀ ⠀ Assim como a brisa beija o rosto ⠀ Assim como o sonho investe em ser ⠀ Assim como a saudade do meu gosto ⠀ A tinta do muro eu tento esquecer!⠀ ⠀ O rosto, de tinta escorrendo, se pronuncia ⠀ Em amargura do tempo que se vai ⠀ Na mente o vazio que não me pertencia ⠀ Acabou solidificando em som que não sai.⠀ ⠀ O peito aberto consome a vontade ⠀ A sina que te leva em mim constrói ⠀ A ausência perpétua de uma saudade ⠀ Desaba em pensamentos, amarguras e destrói ⠀ ⠀ A solidão que ora me invalida ⠀ A solidão que em dose esculpe ⠀ A evidência da existência da vida, ⠀ Camufla a tinta e o muro da lida!⠀
Marshal Jr.
Dez pichações, dez contos, dez grafismos, e aqui, o décimo VideoPoema.
Certamente o mais vadio de todos.
“vagalume
vendado
chora“
Sejam Vadias Mágicas
Vadiem palavras, vadiem pessoas, vadiem emoções.
Apropriemo-nos do tempo, da voz e da fala.
A arte nunca se cala.
Mesmo que outrem nos queira na finda vala.
Enquanto houver Céu?!
Seremos o fogo, e eles a palha.
SEJAMOS VADIAS MÁGICAS
Só Plural
o Mundo se
torna igual.
M. Cestari
Mais uma parceria sensacional com – @AsContistasEscritoras
dessa vez em Verso e Tablado da querida amiga Paula Giannini.
Apropriemo-nos do tempo, da voz e da fala.
A arte nunca se cala.
Mesmo que outrem nos queira na finda vala.
Enquanto houver Céu?!
Seremos fogo e eles palha.
Caso Perca o Telhado se Contente com as Estrelas⠀ ⠀ no alto era o buraco negro⠀ no teto⠀ moinho a destelhar o mundo ⠀ a estrela⠀ um brilho a encarar o nada⠀ nos olhos⠀ queria evaporar-se nela⠀ na fenda ⠀ a luz que ao dissolver-se em lama⠀ se apaga ⠀ matéria a não sentir mais nada⠀ que nada?⠀ ⠀ nos pés era o espelho dele ⠀ um chão a refletir fagulhas⠀ centelha a escapar do ralo⠀ ser chuva a escoar-se nele⠀ poeira⠀ ⠀ no centro era o buraco inteiro ⠀ a fome ⠀ o ralo, a fenda, a morte, o medo, ⠀ o nada ⠀ farinha que preenche o ventre ⠀ com água ⠀ é cola que que emudece ao ronco⠀ a estrela ⠀ ⠀ no sonho de ser só menina⠀ se apaga⠀ no umbigo o seu buraco negro⠀ devora⠀ nos olhos a galáxia via ⠀ a láctea⠀ ⠀ quisera atravessá-la inteira⠀ a vida⠀
Paula Giannini
Agora a representante dessa parceria incrível com – @AsContistasEscritoras
chega com Verso e Voz da querida amiga Giselle Bohn
Solte, confie e voe.
Eis que esse projeto se torna autoexplicativo.
Queria que VC pudesse sair de VC pra Saber como é Bom Te Ver ⠀ ⠀ vejo a menina pequena ⠀ no refúgio-balanço no quintal⠀ mãos sentindo as farpas das cordas ⠀ coxas sobre a madeira cheia de farpas ⠀ ⠀ Nos ouvidos, as farpas abafadas vindas da casa⠀ ⠀ raspa os pés na terra⠀ corpo tenso no esforço do giro forçado⠀ cordas se abraçando, gemendo em estalos⠀ calcanhares em luta contra o chão ⠀ nos braços, a resistência da torção⠀ até o ponto de ruptura⠀ ⠀ Então o soltar⠀ ⠀ cabeça tombada para trás, pernas no ar⠀ olhos nas folhas, galhos, flores⠀ vórtice ⠀ balanço-espiral, hélice ⠀ minha nave espacial⠀ ⠀ o porquê de tudo isso⠀ da ânsia do sangue pulsando nas têmporas ⠀ nas artérias ⠀ nas imatérias do espírito ⠀ ⠀ Não sei⠀ ⠀ seria tão mais fácil balançar suave sob a árvore⠀ ⠀ Não é?⠀ ⠀ mas nós somos feitas de nós, ela e eu⠀ é preciso tensão ⠀ para haver o soltar⠀ expansão ⠀ voo⠀ ⠀ ah, minha criança ⠀ queria lhe dizer ali⠀ que um dia voaria⠀ voaríamos⠀ sem vertigem ⠀ sem náusea ⠀ ⠀ Só asas⠀ Calmaria ⠀
Giselle Bohn
Obras na Prateleira
O fio condutor deste livro é o muro. E no meio do muro havia uma frase, havia uma frase no meio do muro. E uma destas frases – “só hoje te quiz mil vezes” – intitula esta obra. Uma pichação, transcrita em sua forma original. E são estas pichações, estas cicatrizes urbanas, a faísca criativa a motivar o autor.
Foram fotografadas vinte e uma pichações pelos muros da cidade de Santa Rita do Passa Quatro – SP. Dez se transformaram em contos. São frases ou palavras como: “queria que você pudesse sair de você para saber como é bom te ver”, “caso perca o telhado se contente com as estrelas”, “Traautmman”, “Qual é o nome da sua saudade?”. Dez intervenções com um ponto em comum. O muro.
Cada muro uma história, um ponto de vista, uma lembrança, uma saudade. As histórias são inventadas, já o que elas nos despertam, são vivências subjetivas e reflexões. “Só hoje te quiz mil vezes” é um muro que não separa nem cerca, abraça o leitor.
Cadafalso Despertar
A sociedade à espreita de mais um indivíduo que sucumbe ao individualismo pleno que separa o ser do humano. A autoflagelação cotidiana, os vícios e as conveniências. Onde mora a nossa consciência de Mundo? Onde podemos acordar no próximo segundo? Somos tão humanos assim como nos definimos ser? Cadafalso Despertar nos remete a essa reflexão, na qual realidade e fantasia nos guiam a um passeio cujo fim é mais que um anseio, um destino ou um findar. É um novo início de volta ao ponto final. Cadafalso Despertar é a destinada mão que alavanca a forca. Cadafalso Despertar é o devaneio servido aos excessos, aos refluxos e aos luxos sucumbidos nesse animal que insistimos em não ser. Cadafalso Despertar é o estar.
Boa Viagem!!!
Palestra
Vídeo Instalação – SÓ POESIA LIBERTA – VIRADA SP – SANTA RITA DO PASSA QUATRO – 2022
eu por mim mesmo
minhas cabeças
uma cabeça que pensa
uma cabeça que cria
uma cabeça que é pensa
uma cabeça que é minha
Nascido em 1972, M. Cestari tardou entender a sua real vocação artística na lida com a escrita.
Enquanto cursava Geologia na Universidade de São Paulo, notou que os números em uma faculdade de exatas se transformavam em letras, e assim sendo, migrou para a área de humanas.
Na Publicidade descobriu que a sua criatividade não habitava ali, e que as relações humanas poderiam extravasar pela máscara que menos esconde e mais revela; o Clown.
Fundou a companhia de palhaços Confraria dos Pândegos, e ao se aprofundar na teoria, iniciou a tradução do livro – Clowns – 1974 – para o professor, escritor e palhaço de Nova York, J. H. Towsen.
A paixão pela escrita sedimentou com o lançamento do seu primeiro livro – Cadafalso Despertar – 2019. E na cidade em que reside – Santa Rita do Passa Quatro – flertou com a fagulha criativa de um novo projeto.
As cicatrizes dos muros transformadas em contos. Dez pichações, dez histórias diferentes. “Só Hoje Te Quiz Mil Vezes” a segunda obra do autor. A segunda obra autopublicada pela Ladra Livros Editora Independente.
pintar o céu
sem tinta
é sonho
Blog: Inteligência Orgânica